Cátia Liczbinski
Tragédias ambientais causadas pelo ser humano
Todos os anos ocorrem desastres ambientais como desmoronamentos, enchentes e secas no Brasil. Nos últimos dias ocorreram desmoronamentos no Paraná e Santa Catarina, conjugados com as enchentes e as fortes chuvas.
Durante o ano ocorreram situações graves no Nordeste, como em Pernambuco, também, no Rio de Janeiro, Alto Tietê, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e outros.
Muitas enchentes e desmoronamentos poderiam ser evitados, com um Plano de Adaptação Climática pelas autoridades estaduais e municipais, com diretrizes para a mitigação dos impactos, preservando a mata nativa, construindo em locais com baixo risco ambiental.
O risco decorrente da crise do clima é negligenciado pelos governos que precisam criar medidas de prevenção, adaptação e desenvolver ações estruturais de enfrentamento aos desastres em constante diálogo com a sociedade civil, criando políticas de prevenção, gestão de riscos e pós desastres.
No Paraná, o Ministério Público Federal realiza a apuração da responsabilidade da Polícia Rodoviária Federal no deslizamento de terra na BR 376, que deixou 30 pessoas desaparecidas em novembro. A PRF verifica a responsabilidade do órgão por liberar a pista após o primeiro deslizamento. No dia, a chuva era constante e a pista estava coberta por água e lama, devendo ser interditada, o que não ocorreu.
Um estudo do World Weather Attribution, verificou que o aquecimento global de 1,2ºC influencia na ocorrência e intensidade das catástrofes naturais, consequências da interferência humana aumentando as ocorrências, em torno de 20% .
Ressalta-se que no Brasil existem quase 10 milhões de pessoas que vivem em áreas de risco, correndo perigo em relação a enchentes e deslizamentos, e mais de 2.500 pessoas perderam suas vidas nos últimos anos em decorrência destas tragédias.
Uma das maiores causas de alagamentos e inundações são o desmatamento e as queimadas, pois o assoreamento dos rios é provocado, fazendo com que os leitos se elevem e transbordem.
O desmatamento da Amazônia agrave-se. A região de maior biodiversidade do planeta sofre com o aumento do desmatamento e preocupa diversos países. A Amazônia é responsável pelo equilíbrio ambiental não só do Brasil mas do mundo.
Os dados são alarmantes: só de janeiro a setembro de 2022 o desmatamento acumulado passa dos 9 mil km² em 2022, pior marca em 15 anos, causada pelas queimadas e pela extração de madeira que cresceu 5 vezes em setembro, correspondendo a 8 vezes a cidade do Rio de Janeiro em desmatamento (IMAZON).
Os altos níveis de destruição ameaçam a biodiversidade, os povos tradicionais e afetam a vida de toda a população brasileira. A derrubada da floresta impacta no aumento das emissões dos gases do efeito estufa, responsáveis pela mudança climática e pelos eventos extremos.
A degradação florestal causada pelas queimadas e pela extração de madeira aumentou 359% na Amazônia. Um crescimento de quase 5 vezes, o que aumenta os problemas respiratórios, não só na população amazônica, pois a fumaça das queimadas pode chegar a outras regiões do país.
Destaca-se que, além do governo federal, os estados têm grande responsabilidade no combate ao desmatamento. A legislação permite que os órgãos estaduais também multem os responsáveis por crimes ambientais em áreas federais.
A ocupação inadequada e irregular das áreas nas cidades apresenta sérios transtornos ambientais, uma vez que a proximidade a planícies favorece as chances de inundações.
No âmbito das cidades a falta de infraestrutura adequada, bem como o descarte do lixo de forma errada é grave. Para evitar as enchentes, os locais necessitam de um sistema de drenagem pluvial para que a água das ruas seja drenada e encaminhada para os rios.
Além da retirada de vegetação nas proximidades dos rios, o depósito de lixo nos rios é responsável por aumentar a carga de detritos existentes no fundo dos cursos d'água.
Para mudar o atual quadro dos desmoronamentos e enchentes no Brasil, é necessário a união entre os principais atores da sociedade: população, governo e empresas com a conscientização e adoção das melhores práticas, e atuação efetiva na fiscalização multando os infratores para melhorar qualidade de vida e saúde para a população.
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