CACHOEIRA DO SUL PREVISÃO

Carlos Dreyer

CACHOEIRA S/A

"Não é porque as coisas são difíceis que não ousamos arriscar. É porque não ousamos arriscar que as coisas estão difíceis."

Sêneca


Aumento da produção e queda dos estoques na indústria gaúcha

A Sondagem Industrial do RS, divulgada nessa quinta-feira (7) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), revela que em novembro de 2020 o setor manteve a tendência de forte retomada da atividade, e os estoques nunca estiveram tão abaixo do esperado pelas empresas. "A produção começa a se ajustar depois de ser interrompida e também sofrer com a falta de insumos e matéria-prima. Mesmo tendo crescido, não impediu uma queda recorde nos estoques das empresas", diz o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry. 

Os resultados da pesquisa comprovam isso. O indicador de produção recuou de 61,2 pontos, em outubro, para 56,1 em novembro, mas, ainda acima dos 50, mostrou crescimento em relação ao mês anterior. Essa foi a sexta alta consecutiva da produção, desempenho bem acima da estabilidade sugerida pela sazonalidade do período (média histórica do mês é de 50,4). Os indicadores variam de zero a cem pontos, com exceção da utilização da capacidade instalada-UCI, que varia de 0 a 100%.

Já os estoques de produtos finais seguiram em declínio, ficando ainda mais abaixo do pretendido pelas empresas em novembro. O indicador de evolução, em 42,9 pontos, tendo se mantido abaixo dos 50 confirma redução em relação a outubro, a sexta queda seguida e a mais intensa já registrada. Com isso, o indicador em relação ao planejado, em 41,1 pontos, mostrou que os estoques nunca estiveram tão baixos. Além da forte demanda, o fenômeno é causado pela escassez de insumos e matérias-primas. "Resultados abaixo dos 50 pontos indicam estoques menores do que os planejados pelos empresários, o que, de qualquer forma, é uma boa notícia para a produção futura", destaca o presidente da Fiergs.

A evolução da utilização da capacidade instalada não foi diferente, atingindo 76% no penúltimo mês de 2020, redução de um ponto percentual ante outubro. Apesar disso, a UCI confirmou o aquecimento da atividade, pois, historicamente, a indústria gaúcha ocupa, em média, 69,6% da sua capacidade produtiva em novembro. Os empresários gaúchos, no mesmo sentido, consideram que a indústria operou acima do usual, como mostrou o indicador de UCI em relação à usual, fechando em 55,6 pontos. A indústria gaúcha opera acima do normal desde setembro.

EXPECTATIVAS

As expectativas para os próximos seis meses continuaram positivas, aponta a pesquisa realizada entre 1º e 11 de dezembro, com todos os indicadores além dos 50 pontos: demanda e compras de matérias-primas, ambas com 60,1, caíram pelo terceiro mês, mas seguem projetando crescimento. Já as perspectivas dos empresários gaúchos para o emprego, 56,7 pontos, e para as exportações, 58,2, ficaram um pouco mais otimistas. A intenção de investir não se alterou em dezembro relativamente a novembro. O indicador ficou estável em 60,9 pontos, com 70,4% das empresas dispostas a investir nos próximos seis meses. A pesquisa foi realizada com 197 empresas, sendo 39 pequenas, 65 médias e 93 grandes.

Farsul projeta safra 2020/2021

O Rio Grande do Sul deve aumentar em 28,4% a produção de grãos na safra 2020/2021, com uma colheita estimada em 33,9 milhões de toneladas. A projeção do Sistema Farsul, divulgada nesta quarta-feira (8), indica uma recuperação parcial após o ciclo frustrado do ano passado, quando uma severa estiagem atingiu o Estado e deixou prejuízo de mais de 8 milhões de toneladas no campo.

Por um lado, a soja deve aumentar a produção em 75,8% - para 19,8 milhões de toneladas, volume inclusive acima da safra 2018/2019. Mas por outro, o milho deve sofrer com uma segunda seca em sequência e ter resultados ainda piores do que no ano passado. A falta de chuva no início do desenvolvimento do grão, principalmente na Região Noroeste, tende a reduzir a produção para somente 3 milhões de toneladas, 28% menos em relação à safra anterior e 47% abaixo de 2018/2019.

O Sistema Farsul ainda estima alta de 15,3% no volume de trigo no próximo ano, enquanto o arroz deve registrar queda de 3,4% depois do recorde de produtividade da safra passada. No geral, os produtores devem colher em torno de 2% a menos do que em 2018/2019, mesmo com uma evolução de 6,6% na área plantada no mesmo período.

Apenas em 2020/2021, a expansão das lavouras deve chegar a 3%, puxada pelas lavouras de soja, milho, arroz e trigo. Na safra passada, a área plantada já havia subido 3,5%, com destaque para as culturas de inverno, indicando melhor aproveitamento do espaço já ocupado no verão.

Para o presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, os números mostram que o setor foi capaz de amenizar o impacto das perdas de 2019/2020. "O produtor está acreditando como nunca na sua atividade. Não vivemos desse passado recente, mas da perspectiva de mercado para 2021, que é excelente para todos os produtos do agronegócio", avalia. Mas o dirigente também cobra soluções para destravar investimentos em irrigação em situações de clima adverso.

O coordenador da Comissão do Meio Ambiente da Farsul, Domingos Lopes, afirma que o problema do Estado não é o volume de chuva, mas a distribuição dela. Assim, o investimento em irrigação deveria ser estimulado, mas isso não é o que ocorre na prática. E o problema não está no financiamento ou na burocracia, já que existe crédito disponível para essa finalidade e não há processos represados de licenciamento para as culturas de sequeiro. "O problema é que o produtor sequer dá entrada nos pedidos. Ele tem consciência de que não vai obter a licença porque não vai conseguir cumprir a legislação ambiental", afirma.

Segundo o economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz, o prejuízo econômico da estiagem em 2019/2020 foi pior para o Estado do que em outras secas históricas, em 2005 e 2012. "Perdemos mais de 8 milhões de toneladas, em boa medida porque não podemos irrigar, e assim deixamos de gerar crescimento, PIB e empregos". Mesmo assim, houve aumento de área plantada no ano seguinte, o que mostra um setor "resiliente" que destoa do ambiente econômico no geral. "Infelizmente, não teremos esse esforço recompensado com safra recorde, porque perdemos de novo no milho".


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