Música brasileira
Quatro músicas de Belchior famosas (também) na voz de outros artistas
Belchior completaria 76 anos no próximo dia 26 de outubro. Ele faleceu em 2017, em Santa Cruz do Sul, mas seu legado segue efervescente. Além de um novo disco de Fagner em sua home-nagem, o cantor cearense ainda será celebrado com um show de Paulo Netto no Rolling Stone Ses-sions de outubro, na data de seu aniversário
E essas são somente duas das muitas provas do tempo que o legado do cantor enfrentou desde sua partida. Além de um intérprete potente, Belchior tinha na composição seu talento maior e vá-rias, dentre suas mais de 100 músicas, ganharam versões na voz de outros artistas. Um levantamento da Rolling Stone fez justamente isso: listou quatro músicas escritas por Belchior que você prova-velmente conhece também através das obras de outros cantores.
Velha Roupa Colorida
"Velha Roupa Colorida" é um dos destaques em Falso Brilhante (1976), álbum mais vendido de Elis Regina. A letra, escrita por Belchior, vai tratar da passagem do tempo e da superação do passado pelo futuro. Aqui, o compositor traz referências literárias do passado e do presente - três pássaros, que o ajudam a expressar esta relação: The Raven", de Edgar Allan Poe; "Blackbird", dos Beatles, e; "Assum Preto", de Luiz Gonzaga.
"Como Poe, poeta louco americano / Eu pergunto ao passarinho / Blackbird, assum preto, o que se faz? /Raven, never, raven, never, raven, never, raven, never, raven /Assum preto, pássaro preto, blackbird, me responde: Tudo já ficou atrás / Raven, never, raven, never, raven, never, raven, ne-ver, raven / Blackbird, assum preto, pássaro preto, me responde: O passado nunca mais", diz a letra.
Como Nossos Pais
Destaque em Alucinação, disco de 1976 de Belchior, "Como Nossos Pais" teve versão mais co-nhecida na voz de Elis Regina, também em Falso Brilhante (1976).
A letra critica o comportamento dos jovens diante dos desafios enfrentados em busca de liberda-de, amor e autonomia, demonstrando que as agruras da adolescência e a chegada da maturidade levam o idealismo para bem longe.
Apenas um Rapaz Latino-Americano
O álbum Alucinação, de 1976, ainda teria outro sucesso de Belchior, também famoso na voz de outros artistas. "Apenas um Rapaz Latino-Americano" expressaria, em letra e melodia, a vida do jovem migrante do interior que se desloca à metrópole em busca de oportunidades.
Na época, em que foi lançada, a canção e seu pragmatismo foram interpretados como uma res-posta ao regime militar que operava no Brasil, bem como um contraponto à música "Divino Mara-vilhoso", de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Posteriormente, seria relançada por nomes como Ana Cañas, Zeca Baleiro e Engenheiros do Hawaii, e seria citada em "Capítulo 4, Versículo 3", dos Racionais MC's
Sujeito de Sorte
Hoje é possível dizer que "Sujeito de Sorte" foi a porta de entrada de muitos jovens à obra de Belchior. Isso porque a música foi sampleada por Emicida no impactante AmarElo (2019), ter-ceiro álbum de estúdio do rapper.
Composta em 1973, "Sujeito de Sorte" aparece na faixa-título do disco, entre as vozes de Emicida, Majur e de Pabllo Vittar. À época, o cantor cearende já estava em São Paulo e começava a usar sua poesia para provocar questões na sociedade da época. Nesse sentido, Emicida incluiu os versos abai-xo em sua música:
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro
A frase, originalmente escrita pelo poeta paraibano Zé Limeira, foi o bastante para populari-zar Belchior novamente entre uma nova geração, além de inspirar hashtags e até um bloco de Car-naval no Rio de Janeiro. Posteriormente, a faixa ganharianovas versões nas vozes de Letrux e de Chico Chico.
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