Um levantamento anual realizado pelo DetranRS apontou que álcool estava presente no sangue de 39,2% dos condutores mortos em acidentes de trânsito em 2021. O índice é um pouco menor do apurado em 2020, quando foi detectado álcool em 39,7% dos condutores mortos. No entanto, o número é maior do que o contabilizado em 2018 e 2019, sendo 37,6% e 37,2% respectivamente.

O estudo é realizado a partir do cruzamento de dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP) sobre acidentes de trânsito com morte e a base de resultados dos testes de alcoolemia feitos pelo Instituto-Geral de Perícia (IGP). Para poder traçar um perfil, o DetranRS analisou motoristas de veículos quatro rodas e motociclistas com resultado conclusivo para alcoolemia. O exame não é realizado quando a vítima não morreu no local do acidente ou não se encontra em condições de coletar material para análise.

Entre 2018 e 2021, foram registradas 6 377 mortes no trânsito do Rio Grande do Sul, sendo 3 589 de motoristas de carro ou motociclistas. Do total de condutores mortos, 2 603 casos - o que equivale a 73% - tiveram resultado conclusivo do exame de alcoolemia, o que representa uma amostragem bastante representativa dos acidentes de trânsito ocorridos entre 2018 e 2021 no RS.

O documento aponta que entre 2018 e 2021, 1 001 pessoas que conduziam veículo tiveram resultado positivo no exame de alcoolemia realizado pela perícia do Estado, ou seja, 38% dos condutores e motociclistas apresentavam uma concentração de álcool na corrente sanguínea superior a zero decigrama por litro (dg/L) no momento do acidente. O percentual de mortos com presença de álcool no sangue foi maior entre motoristas de veículos de quatro rodas, chegando a 44% de um total de 1 433 vítimas. Entre os 1 170 motociclistas mortos e testados, o percentual de alcoolemia foi de 31%

Em 2021, a proporção de alcoolizados entre os homens se manteve no patamar dos anos anteriores, com 40,5%. Entre as mulheres, houve um aumento no índice, passando de 17% em 2020 para 25% em 2021. Entretanto, essa oscilação não é estatisticamente significativa devido à proporção de mulheres mortas em relação ao de homens, sendo respectivamente 62 e 516.

O estudo também comparou os tipos de ocorrências mais comuns entre os alcoolizados com a parcela que elas representam no total de 1 369 acidentes fatais registrados no RS em 2021. Colisão com objeto fixo e capotagem somaram 20% do total de acidentes com morte no Estado, mas entre os acidentes com envolvimento de condutores/motociclistas alcoolizados, o percentual desse tipo de ocorrência sobe para 40%. O dado indica que, em grande parte das vezes, esses motoristas se acidentam sozinhos, sem o envolvimento de outros veículos.

A análise dos acidentes apontou as noites e madrugadas dos finais de semana como os momentos de maior risco em 2021, concentrando maior percentual entre os alcoolizados. O turno da madrugada permanece em destaque com o maior índice de alcoolemia entre motoristas mortos, sendo que 68,2% tinham álcool no sangue. Nos finais de semana o índice também é alto com 53,3% apresentando resultado positivo para alcoolemia.

Segundo o balanço, há outros fatores de risco importantes envolvidos nos acidentes de trânsito. Um estudo divulgado em junho detectou que mais da metade dos motoristas e motociclistas mortos no período de 2018 a 2020 no Estado ou estavam alcoolizados, ou sem habilitação ou com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa, cassada ou bloqueada.