Um levantamento dos institutos Igarapé e Sou da Paz apontaram que a quantidade de armas registradas por caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) quase triplicou desde dezembro de 2018 e ultrapassou, em julho deste ano, a marca de 1 milhão. Segundo o documento, o número de armamentos em posse do grupo no Brasil, subiu de 350 683 para 1 006 725, entre dezembro de 2018 e julho deste ano. Isso mostra um aumento de 187%.

Em nota sobre o levantamento, os institutos Sou da Paz e Igarapé atribuem o aumento desenfreado do acervo à gestão do atual presidente, que tenta a reeleição. "Este crescimento descontrolado começa em 2017, com a concessão do porte de trânsito, mas se intensifica a partir dos novos privilégios concedidos à categoria em 2019 por Bolsonaro, através de decretos que estão sendo questionados no Supremo Tribunal Federal (STF)."

Além disso, as entidades afirmam que o aumento de armas nas mãos de CACs preocupam não apenas pelo volume, mas pelo tipo de arma que a categoria tem acesso. Um integrante da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) recentemente conseguiu o certificado para ser CAC e teve acesso a sete armas sendo uma delas um fuzil, de forma ilegal.

Segundo o gerente do Sou da Paz, Bruno Langeani atualmente os CACs podem ter acesso a armas como: fuzis semiautomáticos do calibre de armas utilizadas pelo exército, do tipo AR15, e do tipo AK. Outra informação alarmante é que os caçadores, atiradores e colecionadores cresceram 474%, passando de 117 467, em 2018, para 673 818 registrados até 1º de julho deste ano. Atualmente, o número CACs já é maior que os 406 mil policiais militares da ativa no Brasil e 360 mil homens das Forças Armadas.

O especialista afirma que um dos caminhos para o crescimento não ocorrer de forma descontrolada é melhorar a comprovação da utilidade dos CACs. Sendo assim, quem se registrar como caçador precisa comprovar que a arma está sendo usada para caça, assim como o atirador precisa comprovar que frequentou algum clube de tiro ou participou de alguma competição para eliminar infiltrados e aventureiros.