Cátia Liczbinski
Meio Ambiente: o que esperar em 2022
O ano de 2022 iniciou-se, e com ele espera-se com esperança que efetivas políticas públicas em relação aos problemas ambientais sejam realizadas. Observou-se que antes da virada do ano, alguns municípios, por exemplo, proibiram a explosão de fogos de artifício com barulho, auxiliando no ambiente sonoro em relação às pessoas e animais. O problema sempre foi tão grave que motivou a proibição de fogos de artifício com som alto em cidades como São Paulo, Cuiabá, Campo Grande, Curitiba, Rio de Janeiro e Distrito Federal. A medida beneficiou não só animais, mas idosos, autistas, bebês e enfermos, com a diminuição do barulho que prejudica a saúde.
No ano que se inicia novas ações serão necessárias para a maior mobilização em matéria ambiental, de forma a tentar superar o trágico ano de 2021 marcado pela pandemia, que acelerou a degradação ambiental, econômica, social e política.
Ambientalmente, os biomas brasileiros foram afetados drasticamente, por meio da contaminação das águas, solos e atmosfera. Observaram-se embates cotidianos entre o Poder Executivo e Ministros com o Congresso Nacional nas políticas públicas ambientais, que resultaram em ações judiciais promovidas por partidos políticos e Ministério Público perante o STF.
Segundo o professor do Instituto de Física da USP, Paulo Artaxo, no ano de 2021 o Brasil teve a derrubada de mais de 13 mil km² de florestas na Amazônia e o Pantanal teve 60% de sua área queimada, em atividades associadas a crimes ambientais como as queimadas criminosas. O agronegócio continuou avançando sobre o Cerrado, devido à falta de políticas de uso da terra voltadas à preservação dos ecossistemas. O garimpo ilegal continuou a poluir com mercúrio os rios, afetando a saúde de ribeirinhos, população indígena e o bioma amazônico. Além disso, os eventos climáticos marcaram o Brasil central e trouxeram insegurança energética e hídrica para grande parte da população, e continuam afetando o País, como as enchentes na Bahia.
Em 2021 o País foi criticado internacionalmente pela falta de resultados positivos ambientalmente, principalmente durante a COP-26. A maior razão foi a falta de ações concretas para enfrentar e minimizar os impactos das mudanças climáticas, uma das maiores ameaças à nossa sociedade. A COP-26 também frustrou expectativas devido à negação dos países desenvolvidos em ajudar os países pobres a lidar com a emergência climática e a reduzir suas emissões. A consequência desse processo é o aumento das desigualdades sociais, que serão um forte fator de instabilidade política no futuro.
Apesar de o governo brasileiro ter assinado o compromisso de zerar o desmatamento da Amazônia até 2028, as possibilidades deste acontecimento são remotas, pela falta de política pública de fortalecimento a instituições-chaves como Ibama, ICMBio, MMA, MCTI e órgão associados, para que esta meta seja atingida.
Para Artaxo, como o Executivo e Legislativo permanecerão os mesmos a mudança estrutural não deverá ocorrer mesmo com as pressões internacionais para reduzir o desmatamento. Por parte dos países desenvolvidos podem ser intensificadas sanções comerciais em relação à importação de carne, madeira ou soja advindas de regiões desmatadas. Talvez isso possa mobilizar o atual governo brasileiro em relação a suas práticas.
Apesar deste cenário difícil, o Brasil tem as condições para ser uma potência mundial em sustentabilidade, pelas vantagens estratégicas em vários setores como a matriz energética, que poderia se beneficiar com o uso em larga escala de energia solar e eólica, e tem condições de implantar uma agricultura com baixas emissões de carbono, zerar o desmatamento e servir de exemplo para o Planeta.
A sociedade em 2022 necessita se mobilizar para recuperar os danos ao meio ambiente promovidos ao longo dos últimos anos e buscar atingir os compromissos com o Acordo de Paris e os ODS da ONU. Devemos cobrar que os debates públicos em 2022 relembrem os valores que definem uma nação digna, democrática, inclusiva e sustentável.
"Nesses tempos de céus de cinzas e chumbos, nós precisamos de árvores desesperadamente verdes" (Mário Quintana).
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