Cátia Liczbinski
Saúde e Exercício Físico em tempos de pandemia
O surgimento da pandemia em 2020 mudou a forma de viver e para muitos a forma de ver e valorizar as pessoas, as coisas, a saúde. Já são 15 meses nesta situação e morreram aproximadamente 488 mil pessoas, cada uma delas era importante na vida de alguém. Negligenciamos e negamos os cuidados básicos orientados pela comunidade científica e também nossa própria saúde quando não se aderimos a um estilo de vida saudável.
Ao longo desses 15 meses as pessoas estão mais tempo em casa, comendo e ingerindo mais bebida alcoólica, pararam de frequentar academias e parques para praticar exercícios, muitas estão trabalhando em home office, relatam uma sobrecarga maior de trabalho e aumento do estresse. Os dados apontam para o aumento significativo do sedentarismo, obesidade, sobrepeso, diminuição do condicionamento físico, aumento do estresse e ansiedade e o comprometimento da saúde geral dos indivíduos, sendo os idosos e portadores de doenças crônicas os mais afetados, pois, se exercitar além da prevenção de doenças é parte de programas de tratamentos e controle destas doenças.
A atividade física resulta em alterações positivas do comportamento psicológico, fisiológico e do sistema neuroendócrino e todos tem relação com o sistema imunológico. Por isso, pessoas fisicamente ativas possuem uma resposta imunológica melhor, diminuição do estado inflamatório crônico, consequentemente menor incidência da gravidade da COVID-19 e melhora dos diversos marcadores imunológicos de doenças como câncer, HIV, doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade que são fatores risco diretos para gravidade da doença.
Em situações de stress e inatividade física, que é justamente o momento ao qual estamos submetidos, ocorre o aumento do cortisol no nosso organismo que pode inibir muitas funções do nosso sistema imune, reduzindo a capacidade do organismo de reagir em resposta a agentes infecciosos, assim como a capacidade de reconhecer e agir contra células defeituosas - cancerosas ou infectadas por vírus por exemplo.
O exercício funciona mobilizando células imunes para reservatórios sanguíneos, para posteriormente migrar para órgãos e tecidos onde pode ser necessária maior defesa imunológica. Com uma recirculação frequente de células e estimulando sua produção através de citocinas pró-inflamatórias, que possuem como função o direcionamento dessas células imunes para áreas de infecção. Se exercitar torna nosso organismo mais resistente a infecções e é fundamental no controle das doenças crônicas podendo evitar complicações e necessidade de assistência hospitalar.
Um estudo realizado por Hamer et al. 2020, com 387 mil adultos, mostrou que a inatividade física contribui para 8,5% dos casos de hospitalização e a obesidade 29,5%. Outro estudo com aproximadamente 48 mil adultos nos Estados Unidos, evidenciou que a inatividade física aumenta 2,2 vezes o número de hospitalização, 1,7 vezes a necessidade de UTI e 2,5 vezes a mortalidade por COVID-19.
Quantas mortes poderiam ser evitadas se eliminássemos a inatividade física? É preciso retomar ou começar urgentemente a prática de exercícios, para garantir uma proteção a mais a sua saúde em todos os aspectos. Como Professora Especialista em Fisiologia e Prescrição do Exercício, afirmo, não é necessário ir a uma academia caso não se sinta segura, o formato online tem sido muito procurado e além de garantir resultados eficientes e uma melhor qualidade de vida, possui risco zero de contaminação. Mas se você optar por ir, escolha ambientes que você se sinta segura, bem ventilados, higienizados e que os frequentadores respeitem as normas de utilização e que o ambiente respeite a lotação máxima.
Algumas recomendações para começar a se exercitar com segurança:
- Prefira atividades online, ao ar livre, em casa ou em ambientes abertos e bem ventilados com pouca circulação de pessoas;
- Nas academias, faça sempre uma boa higienização dos acessórios e equipamentos utilizados antes e após o uso, utilize máscara PFF2 ou N95;
- Estabeleça uma rotina diária de 30 minutos para se exercitar;
- Em casa, utilize o peso corporal, adapte utensílios diversos: garrafas pet, almofadas, cadeiras, cordas, elásticos, etc.;
- Faça 10 a 15 minutos de alongamento e relaxamento;
- Brinque com seus filhos atividades de movimentação;
- Fique atento para pisos escorregadios, quinas de móveis, altura de teto e proximidade de ventiladores, etc.;
- Na presença de sinais como dores no peito, falta de ar, tonturas, procure um médico;
- Nos casos de infecção do corona vírus, siga as orientações médicas e retorne após avaliação do mesmo e com orientação do Professor de Educação Física.
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