CACHOEIRA DO SUL PREVISÃO

Violência contra mulher

Medo de estupro atinge 95% das mulheres

Noventa e cinco por cento das mulheres têm medo de serem vítimas de estupro, sendo que 78% delas dizem ter muito medo. É isso que revela a pesquisa Percepções sobre estupro e aborto previsto por lei, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Instituto Locomotiva. 

Para a população brasileira, o estupro, ao lado da violência doméstica e do assédio sexual, está entre os principais problemas que as mulheres enfrentam no país. A maioria das mulheres e homens entrevistados na pesquisa disseram considerar que estupro é sinônimo de relação sexual sem consentimento. E 84% concordam que o estupro é sempre culpa do estuprador, não importa o comportamento da mulher ou sua roupa. A pesquisa também aponta que 52% dos entrevistados, o que equivale a 85,7 milhões de brasileiros, conhecem uma mulher ou menina que já foi vítima de estupro. E 16% das mulheres que participaram dizem que já foram vítimas de estupro.

Para 56% da população geral, as mulheres negras são as principais vítimas de estupro no Brasil. Entre a população negra esse índice sobe para 61%.

Pela legislação brasileira, manter relações sexuais com menores de 14 anos, ainda que 'com consentimento' é considerado estupro, pois entende-se que a vítima não tem condições de consentir. Entre os entrevistados, 77% concordam que um homem que mantém relações com uma menina menor de 14 anos sempre está cometendo um estupro. Somente entre os homens, esse índice é de 78% e entre as mulheres é de 75%. Para 93%, as principais vítimas de estupro no Brasil são menores de idade.

Dos entrevistados, 93% acreditam que em casos de estupro de meninas, o estuprador é um parente ou pessoa próxima da família e 90% acreditam que a maioria dos casos ocorre dentro de casa. Também 90% acredita que os estupros cometidos dentro de casa se repetem com frequência. Apenas 5% acreditam que é um estranho.

Já na análise dos crimes cometidos contra mulheres adultas, 60% dos entrevistados diz acreditar que o agressor é um conhecido da vítima

Ao analisar a realizada atual, imposta pela pandemia do novo coronavírus, 81% dos entrevistados disse acreditar que o isolamento social contribui para aumentar os casos de estupro dentro de casa. Isolando por gênero, a porcentagem de mulheres que acredita nisso é oito pontos percentuais maior que entre os homens.

A pesquisa Percepções sobre Estupro e Aborto Previsto por Lei foi realizada de forma online, com a participação de duas mil pessoas - 52% delas são mulheres e 48% são homens. Do total de participantes, 17% tem entre 16 e 24 anos; 39% tem de 25 a 44 anos; e 44% tem 45 anos ou mais. Mais da metade das pessoas, 51%, sai casadas ou moram com companheiro (a); 24% são solteiras com namorado (a); 13% são solteiros sem namorado (a); 10% são separadas ou divorciadas e 2% são viúvas. Ao analisar o grão de escolaridade, 50% possuem até o ensino fundamental completo, 35% ensino médio completo e 15% possuem ensino superior completo. A pesquisa teve a participação de 43% de pessoas do Sudeste, 26% do Nordeste, 15% do Sul, 8% do Centro-Oeste e 8% do Norte. Trinta e cinco por cento delas vivem em capitais, 26% na região metropolitana e 39% no interior. As entrevistas foram realizadas entre 1º e 14 de setembro e a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

Sobre o estudo

Para Maíra Saruê Machado, diretora de pesquisa do Instituto Locomotiva, os resultados da pesquisa indicam que "o estupro é uma realidade próxima da população - a maioria conhece uma mulher ou menina que foi vítima e é unânime a percepção de que as brasileiras temem que isso ocorra com elas. As consequências de um estupro na vida da vítima, sejam psicológicas, físicas ou uma gravidez indesejada, também são bastante reconhecidas. Mas a pesquisa mostra que o acolhimento do Estado às mulheres e meninas vítimas - seja nas delegacias ou no sistema de saúde - pode ser mais qualificado".

Para Jacira Melo, diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, "os dados da pesquisa evidenciam que já está amplamente disseminada a ideia de que uma relação sexual sem consentimento é um estupro e que, em caso de gravidez, toda menina e mulher tem o direito de interromper essa gestação de forma segura em um hospital público. E, mais que isso, a maioria da população concorda que toda cidade deve ter um serviço de saúde para atender essas vítimas."


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