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Efeito pandemia

Violência doméstica aumentou, mas registros diminuíram, aponta Anuário da Segurança Pública

Lançada sob o contexto da pandemia da covid-19, a 14ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra mais uma vez que a violência de gênero não tem freio: os homicídios dolosos de mulheres e os feminicídios tiveram crescimento no primeiro semestre de 2020 em comparação com o mesmo período do ano passado. 

Entre os homicídios dolosos, quando há a intenção de matar, o número de vítimas do sexo feminino aumentou de 1 834 para 1 861, um acréscimo de 1,5%. Já as vítimas de feminicídio - assassinato de mulheres cometidos em razão do gênero, ou seja, quando a vítima é morta por ser mulher - foram de 636 para 648, aumento de 1,9%. Os dados foram compilados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, baseados em informações das Secretarias Estaduais de Segurança Pública e/ou Defesa Social dos estados.

Já os registros de lesão corporal em decorrência de violência doméstica aumentaram 5,2%. Durante todo o ano de 2019, foi registrada uma agressão física a cada dois minutos: um total de 266 310.

Esses números podem ser ainda piores. Isso porque ao na comparação com o primeiro semestre do ano passado, os primeiros seis meses de 2020 tiveram queda nos registros de denúncias de violência de gênero. Houve redução de 10,9% nos boletins de ocorrência de lesão corporal dolosa, 16,8% nos de ameaças, 23,5% nos estupros de mulheres e 22,7% nos estupros de vulneráveis. Crimes esses, apontam os analistas, que dependiam principalmente da presença física da vítima nas delegacias, em especial os de estupro, que demandam também exame pericial.

Nesse mesmo período, em comparação com o primeiro semestre de 2019, houve um aumento de 0,8% nos homicídios dolosos de mulheres e 1,2% nos casos registrados como feminicídios. E as ligações para o 190 registradas por violência doméstica cresceram 3,9%.

Os especialistas do Fórum dizem que "a presença mais intensa do agressor nos lares constrange a mulher a realizar uma ligação telefônica ou mesmo de dirigir-se às autoridades competentes para comunicar o ocorrido".

"Infelizmente, é fato que o Brasil perdeu, entre 2019 e 2020, uma grande oportunidade de transformar a tendência de redução das mortes violentas intencionais observada entre 2018 e meados de 2019 em algo permanente e que servisse de estímulo para salvar ainda mais vidas", observam os pesquisadores envolvidos no levantamento.


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