CACHOEIRA DO SUL PREVISÃO

Em duas semanas

Primeiras semanas registraram quatro feminicídios por dia no Brasil

Nos primeiros 14 dias de 2021, pelo menos 76 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil. Em média, foram registrados quatro assassinatos por motivo de gênero a cada 24 horas. Os dados foram levantados pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles tendo como base os casos noticiados pela mídia. O Rio Grande do Sul lidera esse ranking, com o maior número de casos registrado. 

De acordo com o levantamento, nesses 14 dias 19 estados brasileiros registraram a ocorrência de feminicídios. O Rio Grande do Sul teve quatro crimes consumados e sete tentados. A segunda posição ficou com outro estado da região Sul, o Paraná, com seis vítimas vatais e duas sobreviventes. Infelizmente ainda não é possivel fazer uma comparação com o mesmo período do ano passado, uma vez que as secretarias estaduais de segurança pública, responsáveis pela divulgação de indicadores criminais, apresenta relatórios mensais, e não diários.

Pandemia agravou o cenário

Para especialistas, a pandemia e seus efeitos - como o isolamento social - tem sua parcela de culpa na quantidade assustadora de crimes desta natureza.

Lia Zanotta Machado, professora da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em direitos humanos e violência urbana, os números refletem um "somatório de fatores". "Junta-se a situação reflexiva do início do ano, os encontros com familiares, a situação econômica grave do país, o pavor latente em um contexto pandêmico e o isolamento, e cria-se enormes gatilhos para que os agressores façam o que acreditam que podem fazer, que é controlar as mulheres", disse. "Além disso, temos falta de orientação e de políticas públicas, dificuldades de atendimento a mulheres por causa da pandemia e sexismo estrutural. Estamos em uma escalada de violência", frisou a docente.

Em nota técnica publicada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foi apontado que desde o início da vigência das medidas de isolamento social houve redução de crimes contra a mulher, com uma exceção: a violência letal. "A violência letal contra a mulher pode ser considerada o resultado e extremo de uma série de violências sofridas. Nesse sentido, as evidências apontam para um cenário onde, com acesso limitado aos canais de denúncia e aos serviços de proteção, diminuem os registros de crimes relacionados à violência contra as mulheres, sucedidos pela redução nas medidas protetivas distribuídas e concedidas e pelo aumento da violência letal", diz o texto.

Feminicídio

No Brasil, país em que milhares de mulheres são mortas todos os dias, o assassinato em contextos discriminatórios de gênero recebeu a designação de feminicídio. Os motivos mais comuns são o ódio, o desprezo ou o sentimento de perda do controle e da propriedade sobre as mulheres.

De autoria da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Violência contra Mulher, no dia 9 de março de 2015, foi sancionada a Lei n. 13.104 que, em linhas gerais, prevê o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio. Assim, o assassinato de mulher por razões de gênero passou a ser incluído entre os tipos de homicídio qualificado. A pena prevista é de reclusão de 12 a 30 anos.


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