Relatório mundial
HRW diz que Bolsonaro tentou sabotar medidas contra disseminação da covid
A Organização Não Governamental (ONG) Human Rights Watch divulgou nesta quarta-feira, 13/1, seu 31º relatório mundial. São mais de 700 páginas com a sua avaliação a respeito do respeito aos direitos humanos no mundo. No capítulo do Brasil, o governo foi duramente criticado, com destaque para o comportamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em relação à pandemia. O relatório acusa o presidente de sabotar a saúde da população por ter subestimado a gravidade da crise, desprezado medidas protetivas e criticado as ações impostas por prefeitos e governadores.
Para a ONG, Bolsonaro tentou sabotar medidas contra a disseminação da covid-19 e impulsionou políticas que comprometem os direitos humanos. O documento ressalta ainda que foi necessário a intervenção de outras instituições, como o Supremo Tribunal Federal (STF), para proteger esses direitos. "O presidente Bolsonaro expôs a vida e a saúde dos brasileiros a grandes riscos ao tentar sabotar medidas de proteção contra a propagação da covid-19", declarou a diretora adjunta da Human Rights Watch no Brasil, Anna Livia Arida. Sobre ações do Legislativo, a entidade cita que o Congresso aprovou um projeto de lei obrigando o governo a fornecer cuidados de saúde emergenciais para os povos indígenas. "O prestígio do Brasil foi manchado. Bolsonaro tem buscado agenda contra os direitos humanos", afirma o diretor-executivo da organização, Kenneth Roth. E completou ainda que "Foi aterrador. Ele se negou a tomar medidas de proteção a ele mesmo e às pessoas em volta dele. Ele demitiu seu ministro da Saúde, que queria seguir orientação da OMS (Luiz Henrique Mandetta) e seu segundo ministro também se demitiu (Nelson Teich).
O documento também critica a falta de ação do governo para combater a destruição da Amazônia. "As políticas do presidente Bolsonaro têm sido um desastre para a floresta amazônica e para as pessoas que a defende. Ele culpa indígenas, organizações não governamentais e moradores pela destruição ambiental, em vez de agir contra as redes criminosas que impulsionam a ilegalidade na Amazônia", dose Anna Livia.
À imprensa Roth afirmou que o Brasil será pressionado pela Europa e pelo governo que assume a Casa Branca no próximo dia 20 porque não terá mais o apoio de Donald Trump. O diretor acrescentou que haverá uma condenação política em nível global às ações do Planalto sobre o tema ambiental e pressão econômica por parte da União Europa (UE). "Bolsonaro representa muito o que o Trump representava. E que está sendo revisto. Há um compromisso pessoal de Biden com as questões de aquecimento global. E ele vê Bolsonaro como um grande impedimento para um avanço mundial na questão", declarou.
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