Na infância, o timo é conhecido por desempenhar um importante papel no sistema imunológico — a glândula é associada com a produção das células T desde antes do nascimento até os primeiros anos de vida. Com a idade adulta, este órgão linfoide passa a ser pouco lembrado e, às vezes, é cirurgicamente removido. Só que, agora, pesquisadores do Massachusetts General Hospital, nos Estados Unidos, alertam para a sua importância no controle natural do câncer.

Publicado na revista científica New England Journal of Medicine, o estudo revelou que pessoas que removeram o órgão durante a vida têm um risco maior de óbito e de câncer. Esta é uma das primeiras pesquisas a defender a importância do timo, mas, hoje, ainda não se sabe o porquê das pessoas sem o timo — que passaram por uma timectomia — terem um risco aumentado para a formação de tumores.

A questão é que, em alguns casos, o órgão do sistema linfático é retirado sem necessidade direta durante um outro procedimento, segundo os autores. Por exemplo, a remoção pode ser feita para melhorar o acesso ao coração durante uma cirurgia cardíaca. Afinal, a glândula está localizada entre o coração e o osso do peito (esterno), e pode ser vista como um empecilho.

Importância do órgão “esquecido”

Para entender se o timo traz benefícios à saúde dos adultos, os pesquisadores estadunidenses acompanharam 2,2 mil pessoas, sendo que 1,1 mil tinham passado por uma timectomia. Enquanto isso, os outros realizaram uma cirurgia cardiotorácica.

Passados cinco anos da intervenção, os pesquisadores descobriram que 8,1% dos pacientes que fizeram timectomia morreram em comparação com 2,8% daqueles que permanecerem com o órgão. Além disso, 7,4% daquelas que passaram pela timectomia desenvolveram câncer em comparação com 3,7% dos pacientes do grupo de controle.

Importância do timo contra o câncer

“Ao estudar pessoas que tiveram seu timo removido, descobrimos que o timo é absolutamente necessário para a saúde”, afirma David T. Scadden, o autor sênior do estudo, em nota. “Se [o órgão] não estiver lá, o risco das pessoas morrerem e o risco de câncer é pelo menos o dobro”, acrescenta o pesquisador.

O estudo descobriu que a remoção da glândula timo implica em um risco quase três vezes maior de morte por qualquer causa e duas vezes maior para o desenvolvimento de um tumor no organismo.

Os resultados indicam para a necessidade de reconsiderar, sempre que possível, a remoção do timo. No entanto, é preciso destacar que o estudo é observacional, ou seja, outros fatores não considerados pela análise podem impactar o desenvolvimento do câncer. Por isso, mais pesquisas devem avaliar o impacto do órgão no combate natural ao câncer.