Cátia Liczbinski
8 de Março: Reflexão e Resistência

“Nós todos não podemos ser bem-sucedidos quando metade de nós é retida.” – Malala Yousafzai
Toda data comemorativa carrega consigo um significado e convida à reflexão. No Dia Internacional da Mulher, a pergunta que se impõe é: o que temos a comemorar? O caminho percorrido até aqui é repleto de lutas e conquistas, mas também de desafios que insistem em permanecer.
A desigualdade de gênero é um problema histórico, enraizado na sociedade há séculos. Em Atenas, na Grécia Antiga, as mulheres eram privadas do acesso à educação, um dos primeiros registros de discriminação estrutural. Desde então, a luta por igualdade tem sido uma constante. Em 8 de março de 1917, cerca de 90 mil operárias saíram às ruas na Rússia, em protesto por melhores condições de trabalho. Essa mobilização tornou-se um marco na história do feminismo e solidificou a data como um símbolo de resistência.
A tragédia ocorrida na fábrica Triangle Shirtwaist Company, em Nova York, no dia 25 de março de 1911, reforça a dura realidade das mulheres trabalhadoras. O incêndio que matou 125 mulheres e 21 homens revelou as precárias condições de trabalho e a desumanização imposta pelo capital. Embora o Dia Internacional da Mulher tenha se consolidado em 8 de março, a tragédia da Triangle permanece um alerta sobre a exploração e a negligência que ainda afeta muitas mulheres no mercado de trabalho.
As conquistas femininas ao longo das décadas são inegáveis: direito ao voto, maior inserção no mercado de trabalho, acesso à educação e leis protetivas. No entanto, o caminho para a igualdade plena ainda é longo. Segundo a ONU, serão necessários entre 150 e 200 anos para que homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades. Enquanto isso, em muitos países, mulheres seguem sendo apedrejadas por suposto adultério, privadas do direito sobre seus próprios corpos e ganhando menos que os homens em funções idênticas.
No Brasil, apenas em 2023, as mulheres conquistaram o direito à laqueadura sem a autorização do companheiro. A violência doméstica, o feminicídio e a penalização do aborto são algumas das evidências da desigualdade persistente. O machismo continua a limitar, violentar e matar.
O Dia Internacional da Mulher não é apenas uma data para celebrar com flores e presentes, mas para reforçar a luta contra a violência, a discriminação e a desigualdade. Mais do que discursos, precisamos de políticas públicas eficazes, educação de qualidade e uma mudança estrutural que combata o machismo e valorize as mulheres.
A luta não é só feminina, é humana. E enquanto houver desigualdade, não há o que comemorar, apenas o que continuar conquistando.
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