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Cocaína traficada no RS é adulterada em até 100%

Divulgação imagem ilustrativa - fireção ilustrativa -

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Geral de Perícias (IGP) revelou que a cocaína traficada no Rio Grande do Sul pode ser totalmente adulterada. O resultado foi divulgado nesta quinta-feira, 31/3. O primeiro objetivo do estudo foi quantificar o teor da cocaína nas amostras, ou seja, a pureza da droga. A pesquisa revelou que este teor de cocaína varia de 0% a 78%.

O estudo avaliou um total de 141amostras ao redor do Estado. São 97 amostras da Região Metropolitana, que engloba Porto Alegre, Canoas, Viamão, Gravataí; 17 da Região Sul - Rio Grande; 11 da Região Norte - Erechim; dez amostras da Região Central - Santa Maria; e, seis amostras da Região Oeste - Uruguaiana.

A maior variabilidade de concentrações foi encontrada na região metropolitana, mas o baixo padrão de concentração de cocaína também foi encontrado em amostras provenientes do interior do Estado. Na região oeste, a média aproximada do teor de cocaína ficou entre 15 e 35%. Já na região norte o teor de cocaína é de 16 e 40%. Na região central, a mais próxima de Cachoeira do Sul, é entre 13 e 42%. Isso representa que entre 58% e 87% da droga é adulterada com outros aditivos. Por fim, na região sul, o teor de cocaína nas amostras ficou entre 14 e 41%.

De todas as amostras avaliadas, apenas 30% possuíam mais do que 40% de cocaína em sua composição. Em Porto Alegre, das 54 amostras analisadas, 35 tinham menos de 50% de teor de cocaína. Em Gravataí, nenhuma das dez amostras apresentou mais do que 40% de cocaína na composição. Em Canoas, apenas uma amostra tem mais do que 50% de cocaína. Umas das amostras analisadas continha 0% de teor da droga, ou seja, o produto vendido como cocaína era, na verdade, majoritariamente composto por tetracaína.

Adulterantes também são perigosos

O segundo objetivo do estudo foi determinar quais substâncias foram adicionadas para adulterar a droga. Em 42 das 141 amostras analisadas, foram encontrados cinco adulterantes: cafeína, lidocaína, tetracaína, orfenarina e benzocaína.

Os adulterantes orgânicos geralmente possuem propriedades anestésicas e estimulantes. Eles agem sobre o sistema nervoso central, alterando o estado mental e autocontrole do indivíduo e diminuindo a percepção de responsabilidade do usuário por suas ações. Na região metropolitana, 62% das amostras estavam adulteradas com cafeína, o adulterante com maior presença. Em seguida vem a lidocaína, encontrada em uma a cada cinco análises.

A cafeína é um estimulante do sistema nervoso central. Se consumida em grandes quantidades, possui efeitos indesejáveis como distúrbios de sono e humor, constante estado de alerta, ansiedade, inquietação e irritabilidade, levando o indivíduo à dependência. O adulterante é majoritário, possivelmente por ser de baixo custo e fácil acesso comparado aos anestésicos em geral.

A lidocaína, a benzocaína e a tetracaína são anestésicos utilizados em clínicas para pequenos procedimentos e cuidados pós-cirúrgicos. Se administrados em grandes quantidades podem provocar desde efeitos como tontura, distúrbios visuais, sonolência, vômito, cianose, síncope, convulsões. Além disso, podem trazer efeitos cardiovasculares como bradicardia, fibrilação arterial e arritmias, coma e até morte.

O composto orfenadrina é um relaxante muscular. Dentre seus efeitos adversos mais comuns estão: ataxia, distúrbios da fala, taquicardia, dilatação da pupila, tontura, alucinações e sonolência.


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