durante a pandemia
Imunização infantil contra tuberculose e sarampo despencou ainda mais
Nesta quinta-feira, 9/9, a Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde apresentou dados sobre a cobertura vacinal no Brasil, os números mostram que a vacinação contra infecções como tuberculose e sarampo, que já vinha em queda, despencou ainda mais durante a pandemia. As taxas voltaram a ter os mesmos níveis da década de 1980 e especialistas alertam para o risco de ressurgimento de doenças graves.
Fake news e até o desconhecimento sobre as vacinas pelos profissionais da saúde são apontados como causas da queda na cobertura. Além disso, a pandemia travou ainda mais a vacinação.
Entre o início da década de 1980 e o fim dos anos 1990, houve tendência de aumento na cobertura vacinal no Brasil, com estabilidade em patamares elevados nos anos 2000. A partir de 2015, verificou-se a redução na cobertura.
Em relação ao ano de 2019, houve redução na cobertura de todas as vacinas no ano passado, com exceção da pentavalente (contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e a bactéria haemophilus influenza tipo b). Para a poliomielite, doença grave que causa paralisia, por exemplo, a cobertura chegava a 98% em 2015, mas caiu para 76% em 2020. Em relação a 2019, a redução foi de oito pontos porcentuais, conforme dados do Ministério da Saúde.
Também houve queda na cobertura da hepatite B. A taxa chegava a 79% em 2019 e, no ano passado, ficou em 63,4%. A aplicação da vacina BCG, contra a tuberculose, alcançava 3 milhões de doses em 2015 enquanto que no ano passado foram aplicadas apenas 2,1 milhões. Os dados estão sujeitos a alterações, mas evidenciam a necessidade de traçar estratégias para alcançar as crianças.
No ano passado, a porcentagem de municípios com cobertura adequada em crianças menores de um ano de idade ficou abaixo de 50% para sete vacinas. Só 38% dos municípios têm vacinação adequada contra a pólio, por exemplo - menor porcentual pelo menos desde 2015. É considerado adequado o porcentual acima de 90% para rotavírus e BCG e superior a 95% para os demais imunizantes.
Em 2019, foram 20,9 mil casos confirmados de sarampo. Neste ano, há casos nos Estados de Pará, Amapá, Ceará, Rio, São Paulo e Alagoas. Durante a pandemia, houve queda na incidência do sarampo e de outras doenças de transmissão respiratória - apesar da redução na cobertura pelas vacinas -, o que tem relação com isolamento social e uso de máscaras. Pesquisadores temem, porém, que as doenças voltem a aparecer com o retorno das interações sociais e a baixa vacinação.
Pandemia
Segundo especialistas, a queda nas coberturas não foi causada pela pandemia, mas agravada por ela. Entre os fatores estão o medo de buscar a vacina e contrair a covid, além da desarticulação da atenção nos postos. Nas fases mais agudas da pandemia, até Unidades Básicas de Saúde foram usadas para atender pacientes.
O reaparecimento dessas doenças se torna um problema ainda maior uma vez que parte dos profissionais de saúde não está capacitada para tratar essas infecções - porque nunca viu casos do tipo. Também não é pequeno o número de médicos que não prescrevem as vacinas - o que demanda melhoria na formação.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que, mesmo na pandemia, a imunização é mantida e a orientação é para que a população procure os postos. A pasta orienta, ainda, que gestores municipais façam parcerias locais para descentralizar o máximo possível a vacinação.
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