A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa ouviu, na quarta-feira, 25/10, os depoimentos de mães que denunciaram violação de direitos no atendimento de crianças com autismo em Cachoeira do Sul. De acordo com elas, os serviços não estariam sendo oferecidos pela Prefeitura. Outro fato trazido à tona pelo grupo foi um caso de injúria racial em uma escola particular de Eldorado do Sul.

Por solicitação da deputada Laura Sito (PT), três mães de crianças autistas, de Cachoeira do Sul, denunciaram a precariedade da rede de atendimento do município. Conforme Greice Pereira, seu filho foi diagnosticado há um ano e então ela buscou atendimento. A única alternativa foi o deslocamento de 130 km até Caçapava do Sul, com carro da Prefeitura, em condições precárias. Segundo ela, em diversas ocasiões, voltou para casa em crise.

Elisângela Rodrigues disse que a cidade está sem atendimento especializado. O projeto Te Acolhe, do Governo Estadual, não contempla as necessidades das crianças, restando apenas a opção do deslocamento até Caçapava do Sul.

Michele, com filho autista de 23 anos, relatou o descomprometimento da cidade com os serviços às pessoas com deficiência. Observou que há anúncios de tratamento através dos Centros de Referências Regionais, mas estes não contemplam a totalidade dos casos de cada município.

Na Câmara

O tema também foi pauta de discussão na Câmara de Vereadores, na quinta-feira, 26/10. Pais de autistas participaram da reunião da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ação Social, Saúde, Defesa dos Direitos Humanos e Políticas Afirmativas e, no espaço aberto ao público, relataram suas dificuldades às autoridades municipais presentes.

A reunião foi solicitada pelo vereador Antônio ‘da Saúde’ Ramos Maciel Júnior (PSDB). Segundo ele, o objetivo da reunião era “discutir a situação com todas as partes envolvidas, buscando uma solução para que se aumente o número de atendimento para essas crianças autistas dentro do município”.

Os pais presentes reclamaram do deslocamento até o município vizinho e como isso prejudica a vida das crianças, que sofrem com exaustão e crises, além da falta de profissionais qualificados nos atendimentos. Alguns manifestantes espalharam caixas vazias de remédios no chão do plenário e na Mesa – que foram recolhidas por eles ao final da reunião.

A prefeita Angela Schuh (PP) esteve presente e disse que o município enfrenta severas dificuldades na área. “Não é fácil para um município como o nosso, que não é rico, e vocês sabem a luta que a gente tem para oferecer um serviço de qualidade”. A Prefeita pediu também aos vereadores mais emendas impositivas para a beneficiar a causa dos autistas.

O vereador Azevedo da Susepe (Republicanos) pediu que o Executivo elabore e encaminhe a Câmara um projeto para a criação de um centro para atendimento aos autistas. Ele anunciou também que vai destinar R$ 100 mil em emenda impositiva pessoal para a criação desse centro.