CACHOEIRA DO SUL PREVISÃO

Carlos Dreyer

CACHOEIRA S/A

"Quando você encontra sua voz interior, libera seu potenciai mais alto de criatividade, inovação e contribuição".

Stephen Covey

GIGANTES DA INDÚSTRIA - REINVIN HORBACH

"Nunca estive parado"

 

Veja como este empreendedor criou uma indústria conhecida nacionalmente 

No lugar onde Reinvin Horbach nasceu, no interior de Sobradinho, não havia nem escola, nem igreja, como ele conta. "Plantávamos e não tínhamos nada, pois entregávamos metade da produção para usar a terra", recorda. Aos 11 anos perdeu o pai, que tinha 36. Era o segundo de sete filhos. Aos 17, foi para Restinga Seca, então distrito de Cachoeira do Sul, para trabalhar na lavoura. Um dia, ouviu um apito de fábrica e ficou surpreso ao saber que lá se trabalhava até as 17h, enquanto ele entrava noite adentro na plantação.

Ali começava a sua trajetória na indústria, como ferreiro. "Desde novo sempre fui bom em matemática e isso ajudou bastante", recorda. Foi contratado, ficou 11 anos na Homrich e saiu "porque eles não sabiam ir adiante". Então ele foi adiante, e como foi. Chegou à cidade de Cachoeira do Sul e logo conseguiu emprego na ferraria de Adolfo Stracke, que ficava junto à empresa de Lino Anversa. O ano era 1962 e chegou a oportunidade de comprar aquela ferraria. Só havia um problema: não tinha dinheiro. Foi pedir emprestado com familiares e amigos e acabou conseguindo.

A ferraria constituía-se uma casa de madeira em más condições de conservação, duas forjas e duas bigornas. Mas era tudo dele e Reinvin Horbach tinha tanto orgulho do que conquistara que ia lá aos domingos só para olhar a instalação. Foi numa manhã de domingo que salvou uma festa de aniversário: a carroça que levaria o chope tinha perdido uma roda. Os homens que carregavam a roda sem esperanças de encontrar ajuda ficaram muito surpresos em encontrar a ferraria de Reinvin aberta. Consertada a roda, o chope pode seguir viagem, diverte-se hoje o empresário.

"Quando prometer, cumpra. Traziam roda de carreta para recolocar chapa, ferradura de cavalo, arado. Eu trabalhava 10 horas por dia e estava dando certo. Eu sempre investi o dinheiro da empresa na empresa", ensina Reinvin Horbach.

VAI QUEBRAR

Em apenas oito anos, o empreendimento cresceu tanto que o espaço ficou pequeno. Então ele decidiu levantar um prédio na Rua Aparício Borges, onde hoje está a Ferragem Horbach. "Diziam, vai quebrar fazendo um pavilhão deste tamanho", recorda, com a sensação de quem frustrou os derrotistas de plantão. Em 1974, passou a fabricar e montar estruturas e coberturas metálicas, inclusive em outros Estados. Começava também a fabricação de silos e secadores de grãos, ideia trazida pelo filho Zilmar. "O primeiro silo foi para Edmar Lawall, em Cerro Branco. Logo depois instalamos 17 silos para o EngenhoTreichel", lembra.

Então chegou o ano de 1986 e a decisão de investir em novas instalações, porque novamente o espaço ficou pequeno para o tamanho da indústria. Comprou a área na BR 153, que na época era cercada de mato por todos os lados. "Saímos da cidade por causa do espaço, tivemos que puxar a energia elétrica desde o Posto Peteba e o telefone desde o Friedrich (no Bairro Marina, onde hoje está a Metalúrgica Brião), tudo por nossa conta, mas valeu a pena, porque daí em diante só cresceu". Reinvin foi aos bancos buscar financiamento para erguer os prédios para a sua indústria. Quando o dinheiro foi aprovado, dois anos depois, a construção já estava pronta, recorda, comentando que foi a última vez que procurou bancos.

MÁGOA

Sempre pensando no crescimento da sua empresa, Reinvin Horbach investiu na compra de uma área de 2 hectares em frente da sua nova indústria, na Avenida dos Imigrantes. Mas a esquina também agradou outros empresários, da Canguru, que pediram e ganharam: a Prefeitura desapropriou o terreno dos Horbach e deu para os forasteiros. O prefeito na época até ofereceu outra área, de 2,8 hectares, um mato. Reinvin recusou, protestou, mas foi vencido desta vez. Viu máquinas da Prefeitura terraplanando o terreno e mais tarde, a Canguru anunciar que iria investir em Pelotas. Cachoeira não trata muito bem seus empreendedores.

NOVIDADE

No fim de 1986, o governo José Sarney cortou financiamento agrícola, atingindo em cheio o bolso dos agricultores e as vendas de silos e secadores de grãos. Os filhos desafiaram o pai a encontrar um novo produto a ser produzido até a situação no campo melhorar. Reinvin passou aquela noite em claro e, no dia seguinte, apresentou a solução: fabricar betoneiras. "Existiam outros fabricantes, mas sempre cabe mais um e sempre tem gente construindo no mundo", explica. Hoje, todos os dias são produzidas 70 betoneiras Horbach por dia, que vão para o Brasil todo. A produção está vendida até o final deste ano e só não cresce mais ainda porque falta matéria-prima. Aliás, a Horbach foi uma das poucas indústrias que não diminuíram seu quadro de empregados com a pandemia.

SUCESSÃO

Reinvin Horbach comenta que encaminhou bem a participação dos filhos na empresa. Zilmar e Elimar (Chico) administram a fábrica, agora com a participação efetiva dos netos, e Valdir cuida da Ferragem Horbach. O patriarca lembra que foram os serralheiros que pediram a abertura de uma loja especializada mais perto do centro da cidade: "Eles reclamavam ter que ir na BR para buscar estes produtos, então resolvemos o problema no prédio que estava desocupado. Fazendo coisas boas sempre se tem retorno", diz.

Hoje, Reinvin Horbach dedica uma boa parte do seu tempo à criação de galinhas caipiras no sítio localizado perto da sua indústria. Já investiu em gado confinado e em suínos light, mas está satisfeito em concentrar esforços nas galinhas, mostrando com orgulho o porte e a saúde da criação. Nonagenário, também tem orgulho de ainda ter manter sua carteira de motorista. "Tudo é acertar o ramo, sempre fiz o que o pessoal precisava", conclui.


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